A palavra que mais se ouve nesta tragédia no Rio de Janeiro é solidariedade. Vem de sólido, chão firme, base que oferece apoio. Tem a mesma raiz etimológica de consolo. No entanto, a solidariedade eficaz, o consolo que realmente ajuda é aquele que prepara, avisa, salva antes de acontecer. Não foi o caso na serra carioca. Poderia ser diferente se o Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais, prometido agora pelo governo, já estivesse funcionando.
Interessante que na pior chuvarada que se tem notícia, aparece um homem chamado de “consolo” na língua hebraica. Noé – que nasceu para socorrer os flagelados na terra amaldiçoada (Gênesis 5.29) e sujeita às catástrofes e sofrimentos (Romanos 8.22). O famoso meteorologista bíblico alertou por 120 anos sobre o dilúvio, mas a maioria zombou dele. O próprio Jesus lembrou dele, ao afirmar que o Juízo Final “será como aquilo que aconteceu no tempo de Noé” (Mateus 24.37). Foi pensando também em temporal que Jesus disse que quem ouve e vive os ensinamentos dele é “como um homem sábio que construiu a sua casa na rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes... porém ela não caiu porque havia sido construída na rocha” (Mateus 7.24,25). Apenas uma comparação quando Jesus é chamado de “pedra de muito valor” que não deixará ninguém que crê desiludido (1 Pedro 2.6).
Cedo ou tarde passaremos por tragédias. Chuvas torrenciais, morros deslizando, vales devastados, são a coisa mais certa. Doenças, acidentes, mortes, sofrimentos dos mais diversos, ninguém escapa. Diante disto, a pergunta: temos um plano de emergência, uma “defesa civil”? Temos um consolo que ajuda? Uma cena que me chamou atenção nesta tragédia carioca foi o testemunho de um pai, resgatado junto com o seu filho de dois anos. A esposa e a sogra morreram. Enquanto era entrevistado pelo repórter do Fantástico, ao seu lado aparecia uma Bíblia aberta. Sem dúvida, junto com todo o consolo material e psicológico, só mesmo a solidariedade de um Deus que deu a sua palavra, a sua solidariedade. Por isto o pedido, e logo a resposta: “Olho para os montes e pergunto: De onde virá o meu socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra. Ele está sempre alerta” (Salmo 121).
Marcos Schmidt
pastor luterano