sexta-feira, 26 de setembro de 2014

PRONUNCIAMENTO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS HISTÓRICAS SOBRE AS ELEIÇÕES GERAIS DO BRASIL - 2014



As igrejas evangélicas históricas do Brasil, em virtude da realização das eleições gerais em 5 de outubro (1º turno) e em 26 de outubro (2º turno) e considerando o papel de seus membros no exercício pleno da cidadania, bem como o comprometimento dessas igrejas com o Estado democrático de direito e o seu reconhecimento e apoio às instituições democráticas, expressas nos Poderes constituídos da República, vêm junto a seus membros e à sociedade brasileira em geral fazer o seguinte

PRONUNCIAMENTO
1. Nenhum sistema ideológico de interpretação da realidade social, inclusive em termos políticos, pode ser aceito como infalível ou final nem é capaz de interpretar os conceitos bíblicos da história e do reino de Deus, no entanto, cremos que Deus, Senhor da história, realiza a Sua vontade de várias maneiras, inclusive por meio da ação política;
2. As eleições são parte do processo de busca permanente de equidade social, de garantia dos direitos fundamentais à pessoa humana, de vivência ética e comunitária, às quais estimulamos o protagonismo de homens e mulheres cristãos, comprometidos com os valores do Evangelho de Cristo;
3. A democracia é um valor universal, bem como o governo representativo dela decorrente e a sociedade democrática pressupõe pluralidade de ideias e a livre expressão do pensamento político, alternância do poder, em forma republicana de participação popular;
4. Os chamados mensalões, julgados e ainda não julgados pelo STF, expuseram, na esfera partidária, a dualidade de forças políticas de matizes ideológicas distintas, que se digladiam eleitoralmente, visando o acesso ao poder, mas revelam a fragilidade dos partidos majoritários na elaboração de suas amplas alianças partidárias que, em muitos casos, não são de natureza político-ideológica, mas se constituem em verdadeiro fisiologismo;
5. O sistema de financiamento de campanhas admitido no Brasil é perverso, indutor e retro-alimentador da corrupção e termina por eleger, majoritariamente, verdadeiros representantes do poder econômico e não dos interesses da maioria da população;
6. O atual sistema político reflete partidos políticos que não têm identidade e realizam alianças que não fidelizam ideais, mas denunciam conveniências e interesses corporativistas. De igual modo, o modelo presidencialista de coalizão compromete a ética e a democracia cujos pressupostos são a fiscalização e a alternância no poder;
7. Candidatos/as frutos de estratégias de marketing e alianças comprometedoras não são dignos de voto;
8. Ninguém deve receber voto simplesmente por expressar a fé evangélica, antes, deve-se recordar que “a fé, se não tiver obras, por si só estará morta” (Tg 2.1). Entretanto candidatos e partidos que defendem em seus programas posições que se oponham a valores cristãos tais como justiça e paz; integridade da vida e da criação; preservação da família; honestidade e respeito ao bem público não podem merecer nosso voto.
9. O processo político não se esgota com as eleições e os valores da cidadania, marcados por gestões públicas transparentes e probas, têm correspondência na vida de integridade cotidiana de cada cidadão e cidadã brasileira, na participação, nas reivindicações e na projeção de ações que visem o bem comum.
10. Repudiamos o “voto de cabresto”; o chamado “curral eleitoral”, bem como a troca do voto por favores sejam pessoais ou coletivos, exortando seus integrantes a exercerem o direito do voto de maneira consciente e bem fundamentado cientes da delegação de poder que o sufrágio nas urnas confere aos eleitos.

Conclamamos o povo de Deus que se reúne em nossas igrejas à participação na escolha das futuras lideranças: Presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais e, para isso, também o convocamos à oração e à reflexão, que possam nos orientar para que nossas escolhas se traduzam no bem comum de todos os brasileiros e brasileiras.

Assinam esse documento:
Igreja Metodista Livre
Igreja Evangélica congregacional do Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Convenção Batista Nacional
Igreja Metodista Wesleyana
Igreja Presbiteriana Unida do Brasil 
Igreja Metodista
Igreja Evangélica Luterana no Brasil 
Igreja Presbiteriana Independente do Brasil 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Fulano da Melancia, Beltrano do Corcel

Não vi muitos programas da Propaganda Eleitoral Gratuita. Mas nos que consegui ver, notei que continuam aparecendo algumas figuras inusitadas. Não são figuras públicas conhecidas, não são pessoas com experiência em vida pública, não são pessoas capacitadas a administrar uma sociedade em ebulição. Nada contra estas pessoas. Mas elas acabam demonstrando o jeito brasileiro de fazer política. Política acaba sendo não uma função de servir e representar, mas é vista como uma fonte de lucro e renda extra. Aí surgem figuras pitorescas como “Fulano da Melancia”, “Beltrano do Corcel” ou até mesmo o famoso slogan “Não sei o que faz um Deputado Federal, mas vote em mim que eu te conto”.
            O resultado desta visão está por aí, bem diante de nossos olhos. Por exemplo: Ministros do Supremo Tribunal Federal reajustando seus próprios salários em 22%, muito acima do reajuste do Salário Mínimo, que gira em torno de 8,5%. Seguindo a lógica, seria justo um plebiscito popular para o reajuste anual do mesmo. Que tal?
            Política não é coisa ruim. A política é boa e precisamos dela para viver. Deus se manifesta sobre ela: “Quando os honestos governam, o povo se alegra; mas, quando os maus dominam, o povo reclama. Quando o governo é justo, o país tem segurança; mas, quando o governo cobra impostos demais, a nação acaba na desgraça” (Provérbios 29. 2;4). A política em si é boa. É instrumento de Deus para nos dar segurança, educação, saúde, cidadania e paz. Se a política leva a fama de suja, é porque o ser humano a sujou com seus interesses corruptos.
            Então fica a dica: política não é fonte de renda extra, mas uma função de servir e representar. Não é emprego, mas é colocar-se à disposição de Deus para dar cidadania a todo o povo. Vale a pena lembrar: “Um país sem a orientação de Deus é um país sem ordem. Quem guarda a lei de Deus é feliz” (Provérbios 29.18).
Pastor Bruno A. Krüger Serves