Qual
a diferença entre a paixão e o amor? É o tempo de validade. A
esfuziante alegria da torcida de futebol acaba num instante em furiosas
vaias. A louca ternura dos namorados desvanece igual as rosas frescas
colhidas do jardim. A ciência explica: A paixão mexe nos neurônios igual
às drogas e influencia em atitudes irrefletidas. Por isso os crimes
passionais. O lado bom deste ardor humano é que a vida sem paixão perde a
graça semelhante à comida sem sal, pimenta, alho, cebola... Por isto a
necessidade do tempero, do equilíbrio, da sensatez. E aí entra o amor.
Porque amor é razão. Quando nos apaixonamos pela Copa no Brasil
faltou-nos a razão - o amor por aqueles que padecem nos hospitais, nas
escolas, nas cidades violentas e confusas. É claro, estamos agora
enamorados, em lua de mel. Mas quem vai pagar a conta da festa do
casamento?
Em
contrapartida, a Bíblia fala que o amor é paciente e bondoso, não é
ciumento, nem orgulho, vaidoso, grosseiro e egoísta. Diz que o amor não
fica irritado, não guarda mágoas, não se alegra com a desgraça alheia,
nunca desiste mas suporta tudo com fé, esperança e paciência. O amor é
eterno (1 Coríntios 13). Naturalmente que isto não é humano. Mas é uma
camiseta divina que pode ser vestida como a da seleção brasileira.
Escreve Paulo: "Porque vocês foram batizados para ficarem unidos com
Cristo e assim se revestiram com as qualidades do próprio Cristo"
(Gálatas 3.27). Estas qualidades são as virtudes deste amor racional.
E
assim a fé - esta concedida pelo Espírito Santo - não depende das
emoções, dos sentimentos, das experiências, dos milagres. Nem dos
fracassos. Só depende do amor, do amor de Cristo. Ainda bem, porque se o
amor de Cristo fosse pura paixão - igual ao amor de novela e de torcida
- então nem adiantaria a fé. Pensando nisto tudo, estranho estes tempos
de esperança na promissora tecnologia, enquanto as insensatas paixões
crescem em pé de igualdade. É um mundo que precisa do Amor.
marsch@terra.com.br