terça-feira, 20 de setembro de 2011

Reinos que afundam

Alguém já ouviu falar do país com o tamanho de uma quadra de vôlei? É o Principado de Sealand, uma plataforma marítima construída na costa britânica para servir de forte contra o nazismo. Em 1967, o militar inglês Roy Bates se apoderou da edificação e proclamou independência do Reino Unido. A menor nação do mundo tem constituição, hino, bandeira e moeda. Nesta semana, o “príncipe” e seu filho estiveram em Porto Alegre e aproveitaram para vender títulos de nobreza e cidadania. Ninguém comprou. Sem reconhecimento internacional, Sealand permanece nos mapas ingleses como um "forte de guerra declarado Estado independente por seus proprietários".
Não pude deixar de pensar em nossos autoproclamados reinos ao ler esta notícia. Afinal, todas as nossas conquistas, grandes ou pequenas, são plataformas usurpadas, apossadas, no momento quando declaramos independência. Podemos até dizer “isto é meu”, mas é uma grande mentira. “A terra é de Deus”, diz a Bíblia. “Portanto, ela não será para sempre daquele que a comprar. Deus é o dono dela, e para ele nós somos estrangeiros que moram por um pouco de tempo na terra dele” (Levítico 25.23). Esta é a verdade sobre tudo o que possuímos. E sabemos disto. Mas não basta saber, é preciso também viver isto a fim de não sermos tão ridículos iguais ao príncipe de Sealand. Qualquer dia a plataforma vai afundar ou alguém vai acabar com a brincadeirinha, e daí, o que sobrará? “Nasci nu e nu morrerei”, disse Jó ao perder toda a riqueza.
Creio que se o militar tivesse solicitado, a rainha Elizabeth teria dado de presente este monte de ferro e cimento fincado no oceano. É o que Deus espera de nós, que digamos a ele: - Senhor, peço permissão para usar a vida, o corpo, o tempo, os dons, os bens materiais. E ele dará, conforme a boa vontade dele. Foi Paulo quem afirmou: “Se ele nos deu o Filho, será que não nos dará também todas as coisas?” (Romanos 8.32). Portanto, longe de nós estes tipos de reinado. Eles afundam.
Marcos Schmidt
pastor luterano