quarta-feira, 1 de abril de 2015

A PORTA FECHADA DO GÓLGOTA

É assustador imaginar que a nossa vida pode estar nas mãos de uma pessoa maluca que derruba aviões. Pior que o Brasil hoje é um Airbus que está caindo porque depende de pessoas que fecharam a porta à honestidade. Um ano atrás foi o menino Bernardo que dependia de um pai insano. São atrocidades que se multiplicam, tudo porque a vida na terra está nas mãos de gente maluca.

É por isso que existe uma Sexta-feira Santa. Jesus se fez gente, de carne e osso, para nos livrar da dependência mortal de nós mesmos. Com uma diferença: "Ele foi tentado do mesmo modo que nós, mas não pecou" (Hebreus 4.15). Jesus entrou na cabine do avião, fechou a porta, e ali se trancou, sozinho - ele, a cruz e os nossos pecados. Não atirou o avião contra as montanhas. Jogou-se contra o Diabo, o pecado, a morte. Foi abandonado no Monte Gólgota e ali sacrificado para o mundo inteiro ser resgatado.

É claro, esta história também é maluca para muita gente. A cruz é loucura, descreveu Paulo aos coríntios. A cruz só tem significado quando é de ouro, polida, incrustada com pedras preciosas. A cruz da Sexta-feira Santa - tosca, ensanguentada, dolorida - é escândalo. Por isto mesmo rejeitada pelo mundo e até por quem se diz cristão. Na Inglaterra uma igreja decidiu retirar a imagem do Cristo crucificado na frente do templo porque era desagradável aos fiéis e “assustava as crianças”.  Atualmente exposta num museu, o diretor do local afirmou que "não é uma imagem que muitas igrejas querem seguir. Elas preferem ver uma cruz vazia". As vezes são interpretações iconoclastas, mas o que reina é o espírito hedonista - a idolatria do prazer. 

A vida humana só tem sentido se a cruz estiver repleta com o sofrimento solitário do Filho de Deus. Porque só existe Páscoa quando existe uma Sexta-Feira Santa exposta e acreditada. E no fim das contas, num mundo tão assustador, é confortável saber que a nossa vida está nas mãos de um Deus que nos ama tanto que entregou seu único Filho.
       
Marcos Schmidt