Participação das crianças e dos adolescentes com poesia, jogral e canto |
Professoras da Escola Bíblica contam a história encenada do "coelhinho" que descobriu o verdadeiro significado da Páscoa |
Participação das crianças e dos adolescentes com poesia, jogral e canto |
Professoras da Escola Bíblica contam a história encenada do "coelhinho" que descobriu o verdadeiro significado da Páscoa |
Um britânico afirma que Jesus celebrou a Santa Ceia na quarta-feira, diferente do que narram os Evangelhos. Ele defende isto no livro O Mistério da Última Ceia, assunto que foi notícia nesta semana. Sem dúvida, outra polêmica jogada ao vento nesta época da Páscoa com nítido interesse comercial. Isto rende matéria, e lembra a velha ganância de Judas que negocia o Filho de Deus. São os interesses mesquinhos, e controversamente, a própria razão da Santa Ceia e da Cruz. Afinal, aquele que entrega o seu corpo e seu sangue no pão e no vinho, aquele que morre no Calvário, “anulou a conta da nossa dívida, pregando-a na cruz” (Colossenses 2.14).
Pouco importa a data, o peixe, o ovo de chocolate. Já disse o apóstolo “que ninguém faça para vocês leis sobre o que devem comer ou beber, ou sobre os dias santos” (Colossenses 2.16). E complementa: “Tudo é apenas uma sombra daquilo que virá; a realidade é Cristo”. O problema é que a gente agarra a sombra e acha que fez um bom negócio. Empanturra-se de peixe uma vez por ano e pensa que respeitou o dia, enche o ninho de chocolate e acha que festejou a Páscoa. Enquanto isto, a “realidade” fica junto aos embrulhos dos ovinhos, às espinhas do peixe.
Mas o que fazer quando a sombra se materializa? Quando a tradição encobre o significado? “Tradição” vem do latim e significa “transmissão”. Daí as palavras tradução e traição. Quando costumes não traduzem mais o real sentido, a tradição vira traição. Por isto o aviso para se ter cuidado com argumentos sem valor e ensinamentos humanos (Colossenses 2.8). Na igreja isto é um constante perigo quando práticas viram objeto de superstições. Por isto a carta de Paulo aos cristãos de Colossos, eles que absorveram conceitos contrários à fé cristã. Gnosticismo, filosofias, legalismo judaico, cristianismo – tudo no mesmo balaio. Deste ninho saiu um “Jesus chocolate” que não resolvia o sentido da vida e da morte deles. Então as palavras: “Cristo é a verdadeira vida de vocês” (3.4).
Nada contra feriados e tradições religiosas. Mas quando fica só nisto, prefiro comer chocolate na sexta e peixe no domingo. E o Pão da Vida todos os dias.
Marcos Schmidt
pastor luterano
“Como pode Deus permitir isso?” Uma pergunta que faz sentido quando se crê que tudo está sob o comando divino. Mas extremamente difícil de entender se o amor de Deus também é objeto de fé. Tragédias como esta em Realengo, junto com os dramas globais e diários destacados nos jornais, além dos próprios sofrimentos, provocam divórcio entre o amor e o poder do alto. Processo que se transforma em conflito espiritual na vida de qualquer criatura com alma e corpo. E que, se não for devidamente tratado, fabrica uma mente doentia – que num desatino, invoca Deus para puxar o gatilho e matar.
Se a desculpa é o bullying, vale lembrar que ninguém escapa de humilhações na escola da vida. Sistematicamente somos agredidos, intimidados, perseguidos, por problemas, doenças, luto, dor, tragédias, sofrimento. O desafio é não revidar, nem contra Deus, nem contra o próximo.
No entanto, não consigo imaginar um pai, uma mãe que perde a filha com um tiro na cabeça, conformar-se. Nem as melhores amigas de Jesus aceitaram: “Se o senhor estivesse aqui, o meu irmão não teria morrido” (João 11.21). Nem Jesus, na extrema agonia da cruz, ficou calado: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?”. Calar-se é não questionar. E quando não há perguntas, não há respostas. A indignação é a primeira atitude na luta da fé.
E assim, neste “Como pode Deus permitir isso?” surgem algumas certezas, a partir das Sagradas Escrituras. Que nosso entendimento do divino é limitado: “Quem pode conhecer a mente do Senhor? Quem é capaz de lhe dar conselhos?” (Romanos 11.34). Que desabafar é melhor do que reprimir o sofrimento. Exemplos bíblicos não faltam – Jeremias e Jó, por exemplo. Outro resultado é a mundana idéia de justiça. Paulo já disse que a cruz é loucura para os que estão se perdendo (1 Coríntios 1.18). Mas, o maior resultado neste “Deus contra a parede” é que “os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e essa aprovação cria a esperança. E essa esperança não nos deixa decepcionados” (Romanos 5.3-5). Então, contra a parede, Deus nos abre uma porta, Jesus.
Marcos Schmidt
pastor luterano
“Eu não tenho medo da morte, tenho medo da desonra”, disse José Alencar. A morte desse homem mexeu com muita gente que não tem honra para viver e nem coragem para morrer. Ele sabia viver e por isso, soube morrer. E fez o Brasil todo praticar as palavras bíblicas: “É melhor ir a uma casa onde há luto do que ir a uma casa onde há festa, pois onde há luto lembramos que um dia também vamos morrer” (Eclesiastes 7. 2). No dia do falecimento de Alencar, fui ao velório de um homem jovem, com uma história muito parecida na doença. Martim Heimann, diretor de um colégio em São Leopoldo, deixou esposa, três filhos, e uma marca – também não tinha medo da implacável inimiga. Nas difíceis palavras de despedida, o pai dele, professor de teologia, disse algo que é tudo o que uma pessoa precisa fazer depois da morte: “Tenho certeza que a primeira pessoa que o meu filho abraçou no céu foi o Senhor Jesus”. Sem dúvida, quem não pode abraçar Jesus, tem pavor da morte.
Li que a investigação dos destroços do Airbus localizados no fundo do mar poderá desvendar as causas do acidente em 2009 e ajudar na segurança do transporte aéreo. É preciso resgatar os restos do avião, a fim de que a morte das 228 pessoas não seja em vão. Na história da humanidade, acontece algo parecido. É necessário que se mergulhe até o fundo do poço, se localize os pedaços da pior tragédia, e numa investigação pessoal, se descubra os motivos deste primeiro acidente, a fim de que haja plena tranquilidade na viagem para o céu. Sem esta descoberta, o ser humano vive e morre inseguro.
Felizmente isto foi elucidado e está nas páginas da Bíblia. “O que dá à morte poder de ferir é o pecado”, conclui, mas Deus “nos dá a vitória por meio do nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Coríntios 15.56,57). Através das páginas deste livro, o Alencar e o Martim amaram a Sabedoria, e ela os abraçou e os tornou importantes e honrados (Provérbios 4.8). A Sabedoria é aquele que disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá” (João 11.25).
Marcos Schmidt
pastor luterano
Se uma imagem vale por mil palavras, então qualquer coisa que a gente escreve sobre esta tragédia nipônica corre o risco de sucumbir. Sempre carregando as sofisticadas câmeras, os japoneses estão revelando ao mundo cenas impressionantes. O sentimento global é de perplexidade. Será o cumprimento da profecia de Jesus? Que “todas as nações ficarão desesperadas, com medo do terrível barulho do mar e das ondas” (Lucas 21.25)? Porque “todas as nações”? Qual a razão dos moradores que vivem nos lugares mais altos, ou no outro lado do planeta, estarem apavorados? Creio que a resposta está nesta grandiosa onda que invade o mundo – as chocantes imagens vindas do país da Kodak, da Sony, da Panasonic, da Nikon...
Tsunamis são antigos. Há três mil anos o rei Davi já dizia: “Assim, quando as grandes ondas de sofrimento vierem, não chegarão até eles” (Salmo 32.6). Davi comparou este desastre natural com a desolação espiritual que invade a vida daqueles que não têm um “esconderijo que livra da aflição” (v.7). Ele viveu às margens do Mar Mediterrâneo, e deve ter presenciado ou sabia algo a respeito. Segundo registros arqueológicos, foi neste período bíblico que ocorreu um dos maiores maremotos que aniquilou a ilha de Creta, próximo às terras litorâneas de Israel.
O fato novo, por isto, são as impactantes imagens que transportam a humanidade para o Japão, e faz com que “todas as nações estejam desesperadas, com medo do terrível barulho do mar e das ondas”. No entanto, se a imagem tem poder, vem à lembrança a foto daquela criança de quatro meses, encontrada viva entre os escombros do tsunami, e que se tornou símbolo de esperança no Japão. Algo que remete à imagem da criancinha enrolada em panos e deitada numa manjedoura. “Não tenham medo”, disse o anjo aos pastores de Belém, porque este menino vai salvar vocês. Já crescido, ele acalmou o mar, e todos ficaram admirados: “Que homem é este que manda até no vento e nas ondas?” (Mateus 8.27). É dele que Davi se refere ao confessar “Tu és o meu refúgio” quando surgem as grandes ondas.
Marcos Schmidt
pastor luterano