A droga do medo
“Faça uma oração para espantar as más energias de agosto”, sugere um colunista esotérico no Portal Terra. É o jeito que alguns encontram para o medo que aflora neste “mês do azar”. Mas que não resolve – igual à droga, o anestésico. O resultado é semelhante ao drama de Amy Winehouse. Isto porque o vício da superstição é dependência que desperdiça a vida e conduz à tragédia. O Evangelho deste próximo domingo – que será lido em muitas igrejas – é bem oportuno nesta entrada de agosto.
A história de Pedro (Mateus 14.22-33), caminhando sobre as águas, afundando e sendo socorrido por Jesus, seria outro milagre do Senhor se não fossem as palavras: “Como é pequena a sua fé. Por que você duvidou?”. O problema não era o medo da tempestade – aliás, um respeito necessário diante de qualquer perigo. O risco também está na outra ponta, de não ter medo, de uma fé desautorizada. Igual a crença da multidão, fartamente alimentada com cinco pães e dois peixes, que pensou ter encontrado a sorte grande. Jesus mandou o povo embora, como que dizendo: vão plantar trigo, vão pescar... Pedro deveria aprender a nadar. Mas, enquanto Jesus dizia “venha”, ele tinha autorização para caminhar sobre as águas e transgredir as leis da natureza.
Pedro só afundou porque não acreditou na lei do amor. O discípulo João, que testemunhou tudo, mais tarde escreve: “Aquele que sente medo não tem no seu coração o amor totalmente verdadeiro, porque o medo mostra que existe castigo” (1 João 4.19). O apóstolo Paulo explica que nada pode nos condenar “Pois foi Cristo quem morreu, ou melhor, ressuscitou e está à direita de Deus. Ele pede a Deus em favor de nós” (Romanos 8.34). Por outro lado, o Salvador adverte: “Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Tenham medo de Deus...” (Mateus 10.28). Lembra isto para alertar contra a audácia humana de ser o salvador de si mesmo. Pedro foi esperto ao aceitar a mão estendida de Jesus.
Pastor Marcos Schmidt, Novo Hamburgo, RS
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