quarta-feira, 5 de março de 2014

"Muito Mais Que Cinzas"

      Após um incêndio, o que sobra são cinzas. Depois da erupção vulcânica, lá estão elas até onde o vento levar. Pó, resíduos, restos. Da cor do céu encoberto, melancólico, destoante do azul ensolarado.
     Para muita gente, a Quarta-Feira de Cinzas tem este aspecto abatido, triste, de ressaca, de um fogo que pouco ou nada deixou. Mas, este dia tem um significado distinto daquilo que pretende descolorir. É o início de um tempo especial. De reflexão, concentração, incubação. Algo complexo nestes dias agitados, conectados, corridos. 
     Quem ainda tem espaço para refletir? As tarefas, os compromissos, as metas, a televisão, a internet, os programas - tudo conspira contra o quê as cinzas tentam encobrir.

     "Em sinal de tristeza", registra a Bíblia, "vestiram roupas feitas de pano grosseiro e puseram cinzas na cabeça. Então se levantaram e começaram a confessar os pecados que eles e seus antepassados haviam cometido.
     Durante mais ou menos três horas, a Lei do Senhor, seu Deus, foi lida para eles. E nas três horas seguintes eles confessaram os seus pecados e adoraram a Deus" (Neemias 9.2,3).  
     Esse ritual bíblico do Antigo Testamento inspirou os cristãos no mesmo simbolismo, e no século cinco, os 40 dias antes da Páscoa foram marcados com a Quarta-feira de Cinzas. Tudo para sublinhar que a cinzenta paixão e morte do Senhor Jesus tinham uma razão: os nossos pecados. E depois com as cores vibrantes da ressurreição.
      Mas a tradição pode virar traição. Cinzas podem querer, inadvertidamente, colorir. Quarenta dias sem alegria? Sem carne? Melhor, então, uma despedida de solteiro, uma festa da carne! Foi o que também fizeram no tempo de Isaías, e por isto a desaprovação divina: "Eu odeio o incenso que vocês queimam, não suporta as festas religiosas" (1.13). 

     Cinzas, no entanto, são mais que cinzas quando há renovação. E com ela a confidência: "Ó Deus, o meu sacrifício é um espírito humilde; tu não rejeitarás um coração humilde e arrependido" (Salmo 51.17).

Marcos Schmidt
pastor luterano

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

RELACIONAMENTOS DESCARTÁVEIS

             Nesta semana ouvi um pedido de casamento! Foi ao vivo, num programa de rádio. A ligação foi feita para a namorada com o pedido: casa comigo? A resposta, para o alívio de todos, foi: sim, caso sim!
            Vivemos em tempos que pedidos de casamento são artigos de luxo, raríssimos. Não que não haja amor e a vontade de construir uma família. O que falta é o compromisso e comprometimento. O costume é “juntar os trapos e vamos ver no que vai dar”. A era descartável parece que rege até mesmo os relacionamentos entre homem e mulher. Você é útil enquanto agradar ou causar prazer. Quando os problemas aparecerem, a barriga crescer ou a celulite aumentar, então já estará na hora de descartar e adquirir uma outra pessoa que, aliás, logo também vai tornar-se descartável. Assim tem sido com boa parte daqueles que se unem debaixo do mesmo teto sem o pedido de casamento, sem o compromisso firmado perante autoridades civis e perante Deus.
            Jesus fala desta união de um jeito diferente: “Por isso o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher, e os dois se tornam uma só pessoa. Assim já não são duas pessoas, mas uma só. Portanto, que ninguém separe o que Deus uniu” (Mateus 19.5-6). Jesus fala do casamento como uma união comprometida, do início ao fim. Um pouco diferente do que vemos ao nosso redor! Marido e mulher não são descartáveis, mas são companheiros que Deus nos deu para o resto da vida. Juntos, marido e mulher constroem um lar, uma história de vida, uma família reunida ao redor da mesa. Nada deve separar esta união, mas tudo deve servir para aproximar o casal de Deus.
            Então fica a dica: nestes tempos de muitos ajuntamentos instáveis, pedido de casamento é artigo de luxo. É preciso aplaudir aqueles que buscam a união civil e religiosa, aqueles que estão comprometidos na formação de uma nova família. Nunca é tarde para isto acontecer. A Igreja Luterana está sempre de portas abertas para aconselhar, orientar e lutar juntos por casais que não querem um relacionamento descartável, mas sim um relacionamento baseado no amor, na compreensão, no perdão e no simples envelhecer juntos.
Pastor Bruno A. Krüger Serves

sábado, 1 de fevereiro de 2014

 Daqui pra frente, tudo vai ser diferente!  1 Será???
Quando começa o ano muitos de nós queremos que ele seja melhor do que o que passou. Isto é normal e salutar. Alguns pensam em mudar de trabalho, de cidade, de esposa/marido/namorada(o) e por aí vai... Mas, o que estamos dispostos a fazer ou mudar em nós para alcançar o objetivo?
            Essa música do rei Roberto Carlos, na minha opinião, fala um pouco de cada um de nós. Esperamos que os outros ou que o mundo se adapte à nossa vontade e é por isso que, entra ano, sai ano, muda muito pouco.
            De 2014 esperamos muito, afinal, além dos planos de cada um ainda temos a Copa do Mundo de Futebol e temos as Eleições que interferirão nas nossas vidas de um jeito ou de outro. As interferências serão boas ou más? Eu digo que depende...
            Primeiro, depende da nossa fé em Jesus Cristo que prometeu estar conosco em todas as horas para nos aliviar, ajudar, socorrer, perdoar e também se alegrar conosco. Para isso Ele nos convida a sempre ouvir a sua Palavra e segui-LO.
Segundo, depende da nossa disponibilidade de fazer DIFERENTE, de mudar a nossa visão das coisas e, principalmente das pessoas. Aqui me lembro de uma estória que li a algum tempo.
 Ela fala do Milho Bom, de um fazendeiro que venceu o prêmio "milho-crescido". Todo ano ele entrava com seu milho na feira e ganhava o maior prêmio. Uma vez um repórter de jornal o entrevistou e aprendeu algo interessante sobre como ele cultivou o milho. O repórter descobriu que o fazendeiro compartilhava a semente do milho dele com seus vizinhos. "Como pode você se dispor a compartilhar sua melhor semente de milho com seus vizinhos quando eles estão competindo com o seu em cada ano?" - perguntou o repórter.  Por que?" - disse o fazendeiro, - "Você não sabe? O vento apanha o pólen do milho maduro e o leva através do ar de campo para campo. Se meu vizinhos cultivam milho inferior, a polinização degradará continuamente a qualidade de meu milho. Se eu for cultivar milho bom, eu tenho que ajudar meu vizinhos a cultivar milho bom".  
O fazendeiro era atento às conectividades da vida. O milho dele não poderia melhorar a menos que o milho do vizinho também melhorasse.
Assim é também em outras dimensões. Aqueles que escolhem estar em paz devem fazer com que seus vizinhos estejam em paz. Aqueles que querem viver bem têm que ajudar os outros para que vivam bem. E aqueles que querem ser felizes têm que ajudar os outros a achar a felicidade, pois o bem-estar de cada um está ligado ao bem-estar de todos.
Portanto, tudo pode ser diferente. Deixe Jesus falar ao seu coração, à sua vida. Comece o ano com Cristo, ouvindo, aprendendo e participando das atividades da sua igreja porque, por meio dela e a começar por ela, com certeza você vai ‘plantar’ muita coisa boa à sua volta que refletirá na sua vida também.
Deus abençoe nosso ano de 2014!
Um grande abraço do...
                               seu pastor, Fernando Eler.