quarta-feira, 18 de junho de 2014

O 'JEITINHO' em 'HD'!


  A tecnologia das sofisticadas câmeras vem desmascarando com precisão as encenações em cada lance desta Copa - não só no gramado mas também fora dele. A malandragem, o logro, o embuste sempre fizeram parte da humanidade desde quando Adão desconversou com um "eu não sei de nada". Mas agora a máquina, cada vez mais precisa, expõe o engodo humano em alta definição. Gol contra? De forma alguma! Pode ser o caminho para um mundo mais autêntico, uma vida mais legítima. O que não é fácil.   

   Estudos apontam que falamos três mentiras a cada dez minutos, e dizem que fazemos isto porque ninguém consegue viver em sociedade sem enganar. Será? Existe outro jeito de ganhar o jogo sem cavar um pênalti, sem inventar uma falta? Dá para vencer sem trapaças? Tem como sobreviver sem a mentira?
 
Desiludido com as mentiras da vida, o Sábio de Eclesiastes confessa que tudo neste mundo é ilusão. Um desânimo que surge até no esporte: Eu descobri mais outra coisa neste mundo: nem sempre são os corredores mais velozes que ganham as corridas (...) Tudo depende da sorte e da ocasião” (9.11). Hoje ele diria: Tudo depende do juiz e do jeitinho. Mas aí surge a tecnologia que, nesta área, desvenda aquilo que tentamos encobrir. Só que tem um detalhe: a máquina tem o poder de acusar, mas ela não pode salvar.    Diferente da teologia, que além de expor as falcatruas do ser humano, também indica o caminho à verdade e oferece ajuda. "Se dizemos que não temos cometido pecados, fazemos de Deus um mentiroso", escreve João na sua primeira carta. Seria o fim do jogo se o texto bíblico parasse aqui. Tem a prorrogação: "Porém, se alguém pecar, temos Jesus Cristo (...) ele nos defende diante do Pai".    
 
   E tem ainda mais. Na defesa contra o ataque da mentira, Cristo também transforma e nos faz arredios a qualquer tipo de falsidade - no futebol, na religião, na política, nos negócios, na família. Por isto, com ou sem as lentes da tecnologia, a mentira sempre terá perna curta.
  
Marcos Schmidt - pastor luterano
marsch@terra.com.br

quinta-feira, 12 de junho de 2014

COPA, PAIXÃO e AMOR



Qual a diferença entre a paixão e o amor? É o tempo de validade. A esfuziante alegria da torcida de futebol acaba num instante em furiosas vaias. A louca ternura dos namorados desvanece igual as rosas frescas colhidas do jardim. A ciência explica: A paixão mexe nos neurônios igual às drogas e influencia em atitudes irrefletidas. Por isso os crimes passionais. O lado bom deste ardor humano é que a vida sem paixão perde a graça semelhante à comida sem sal, pimenta, alho, cebola... Por isto a necessidade do tempero, do equilíbrio, da sensatez. E aí entra o amor. Porque amor é razão. Quando nos apaixonamos pela Copa no Brasil faltou-nos a razão - o amor por aqueles que padecem nos hospitais, nas escolas, nas cidades violentas e confusas. É claro, estamos agora enamorados, em lua de mel. Mas quem vai pagar a conta da festa do casamento?

Em contrapartida, a Bíblia fala que o amor é paciente e bondoso, não é ciumento, nem orgulho, vaidoso, grosseiro e egoísta. Diz que o amor não fica irritado, não guarda mágoas, não se alegra com a desgraça alheia, nunca desiste mas suporta tudo com fé, esperança e paciência. O amor é eterno (1 Coríntios 13). Naturalmente que isto não é humano. Mas é uma camiseta divina que pode ser vestida como a da seleção brasileira. Escreve Paulo: "Porque vocês foram batizados para ficarem unidos com Cristo e assim se revestiram com as qualidades do próprio Cristo" (Gálatas 3.27). Estas qualidades são as virtudes deste amor racional. 
E assim a fé - esta concedida pelo Espírito Santo - não depende das emoções, dos sentimentos, das experiências, dos milagres. Nem dos fracassos. Só depende do amor, do amor de Cristo. Ainda bem, porque se o amor de Cristo fosse pura paixão - igual ao amor de novela e de torcida - então nem adiantaria a fé. Pensando nisto tudo, estranho estes tempos de esperança na promissora tecnologia, enquanto as insensatas paixões crescem em pé de igualdade. É um mundo que precisa do Amor.


pastor luterano
marsch@terra.com.br

terça-feira, 27 de maio de 2014

CORRUPÇÃO COMEÇA EM CASA

             Está chegando a Copa no País do futebol. Acho que desta vez a magia do futebol não vai mascarar os inúmeros escândalos financeiros deste país. É de grande repercussão mundial os estádios superfaturados. O jornal americano Washington Post é mais um a denunciar o jeitinho brasileiro de fazer a Copa. O exemplo foi o Estádio Mané Garrincha, justamente no Distrito Federal. Para variar, há denuncia de superfaturamento da reforma do estádio mais caro da Copa: R$ 43 milhões inexplicavelmente a mais no orçamento. Só isto. A Copa está evidenciando esta sangria desatada chamada corrupção.
            Com este pano de fundo estão os protestos. “Queremos o fim da corrupção” – é o grito do povo. Mas não dá para esquecer que a corrupção começa em casa e nas pequenas coisas. Corrupção não acontece apenas com aqueles de colarinho branco. Afinal, literalmente corrupção significa “usar meios ilegais para conseguir algo”. E aí todos entram no mesmo balaio dos corruptos: o aluno que cola na prova para passar de ano, aquele que está com pressa e estaciona na vaga destinada a cadeirante, aquele que oferece dinheiro para a Polícia Rodoviária o livrar da multa, o viajante que pede para superfaturar o recibo de almoço que será reembolsado pelo chefe, aquele que finge estar doente para não ir ao trabalho, aquela que fura a fila do SUS para ser atendida primeiro.
            Corrupção é comportamento humano. Vai desde a infância até o fim da vida. “Porque é do coração que vêm os maus pensamentos, os crimes de morte, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, as mentiras e as calúnias” (Mateus 15.19). Corrupção está no coração. Como diz o velho ditado: se quiser conhecer alguém, lhe dê poder e dinheiro. A corrupção fica famosa quando há poder e dinheiro. Mas a corrupção despercebida nas pequenas coisas não deixa de ser corrupção. O ser humano é corrupto. No pouco ou no muito. Corrupção começa em casa.
            Então fica a dica: o povo grita pelo fim da corrupção. Mas a mudança começa por cada cidadão que deixa de ser corrupto nas pequenas coisas, no seu dia a dia. Há um Deus que perdoa, cuida e transforma o coração corrupto: é Jesus. Ele é Salvador. Deixe-se transformar pela fé cristã. Deixe a Palavra de Deus lhe ajudar a não ser corrupto nas pequenas coisas. Deixe a Palavra de Deus transformar sua vida. Vai ser bem melhor!
Pastor Bruno A. Krüger Serves
CEL Cristo, Candelária - RS

quarta-feira, 7 de maio de 2014

COLO, VOZ E CHEIRO DE DEUS

 
  Como será que é o colo de Deus? Como será que é o cheiro de Deus? Como será que é o tom de voz de Deus, numa conversa amorosa com seus filhos?

    Sinceramente, impossível de responder. A imaginação pode ir longe, muito longe. Qualquer resposta seria pequena diante do que só vamos ouvir, ver e sentir no céu.

    Enquanto este dia não chegar, Deus faz seus filhos experimentarem um leve sabor do que será seu próprio colo, sua própria voz, seu próprio cheiro. Ele escolheu vidas especiais para esta nobre tarefa.

Mulheres que abrem mão da sua vida, do seu tempo, dos seus cuidados. Mulheres que deixam de pensar em si mesmas para simplesmente amar. Mulheres que esquecem a fome, o frio e o sono para simplesmente cuidar. Mulheres que são chamadas na hora do medo, da fome, da alegria, da dor, do choro, do pesadelo. Mulheres que são chamadas não pelo nome, mas por um conjunto de letras carregado de amor e cuidado: “mamãe”.

    Quando o nome da mulher é deixado de lado para
ser substituído por “mamãe”, aí está Deus fazendo seus filhos experimentarem um pedacinho do céu. Maria, Iracema, Márcia, Eliane. O nome não interessa mais. “Mamãe” é quando a mulher assume uma tarefa celestial. Afinal, colo de Deus deve ser bem parecido com o colo de mãe dado ao filho que chora. A voz de Deus deve ser bem parecida com a doce voz da mãe que canta para seu bebezinho dormir. O cheiro de Deus deve ser bem parecido com aquele cheiro de mãe tão típico quando ela carrega seus filhos no colo.

    Então fica a dica: mamães são o colo, a voz e o cheiro de Deus aqui neste mundo. Feliz é a mulher que faz seus filhos experimentarem um pedacinho do céu. Não apenas com o colo, mas com o exemplo de mãe cristã, consagrada e dedicada a Deus. “A mulher será salva tendo filhos se ela, com pureza, continuar na fé, no amor e na dedicação a Deus” (1 Timóteo 2.15). 

    Venha louvar a Deus por tudo isto nos cultos deste final de semana na Igreja Luterana de Ribeirão Preto domingo às 9h. Desde já, feliz Dia das Mães!
Pastor Bruno A. Krüger Serves
pastorbrunoserves@gmail.com
Adaptação: Pr. Fernando Eler
fernandoeler@gmail.com
 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O preço da liberdade

     Pesquisa recente mostra que a maioria dos brasileiros acredita que hoje tem mais corrupção do que no tempo do regime militar, mesmo assim não deseja a volta da ditadura. Até porque é mais fácil manter a ordem civil por um "AI 5" – ato constitucional que deu plenos poderes ditatoriais ao governo – no lugar do governo democrático. Alguns até pensam que "bom era naquele tempo" quando não havia tanta corrupção e impunidade. 
     Lembro, no entanto, que o meu tio, pastor, foi intimado pelos militares porque reclamou dos buracos nas ruas da sua cidade. Se hoje nossas reclamações não são atendidas pelos governantes e se há decepção com a política, é preciso recusar os atalhos e seguir o caminho da ordem democrática.

    Algo parecido acontece na vida cristã quando Paulo escreve que "Cristo nos libertou para que sejamos realmente livres" (Gálatas 5.1). Havia um perigo iminente que o apóstolo chama de “outro evangelho”, uma ditadura religiosa na igreja da Galácia com certas regras para alguém ser um “bom” cristão.  Paulo sabia o que era viver sob a tortura da lei no tempo do seu radicalismo farisaico. Ele foi o próprio carrasco: “Era tão fanático que persegui a igreja” (Filipenses 3.6). Por isto as palavras: “Continuem firmes como pessoas livres e não se tornem escravos novamente” (Gálatas 5.1) ao tratar da fé em Jesus que faz a pessoa experimentar a alegria da liberdade nos direitos e deveres do amor ao próximo.

     É claro, política e religião são pratos que não se misturam, e por isto tanta indigestão. No caso da religião que se fundamenta na liberdade cristã, tão defendida pelo apóstolo Paulo, ela tem muito a oferecer para uma nação que busca a ordem civil, as boas relações, a estrutura familiar, o trabalho, a honestidade, o respeito às autoridades – estas coisas básicas da vida humana. Foi o mesmo Paulo quem disse depois de recomendar a ordem política: “Quando as autoridades cumprem os seus deveres, elas estão a serviço de Deus” (Romanos 13.6).
                                                                                                                                        
Marcos Schmidt
pastor luterano
marsch@terra.com.br
Igreja Evangélica Luterana do Brasil

terça-feira, 1 de abril de 2014

Dia da Mentira e a Verdade Divina


      Primeiro de abril é conhecido como “Dia da Mentira.” Às vezes elas são pequenas, aparentemente inofensivas, noutras elas são grandes e parecem destruidoras, a mentira é algo bem presente na vida dos seres humanos. Já dizia o apóstolo Paulo: “Todos mentem e enganam sem parar.” (Rm 3.13)

     Dizem que a mentira tem perna curta, porém algumas andam distâncias incríveis. Diz Provérbios 12.19: “A mentira tem vida curta, mas a verdade vive para sempre.” 
     Ao compararmos a mentira com a verdade eterna de Deus, aí sim podemos dizer que mentira tem vida curta, logo se acaba. Por isso devemos preferir as verdades eternas de Deus. Mas também sabemos que as mentiras voam com o vento e podem destruir a vida de alguém, como também diz Provérbios 25.18: “A pessoa que diz mentiras é tão perigosa quanto uma espada, um porrete ou uma flecha afiada.”
     Jesus disse: “Quando o Diabo mente, está apenas fazendo o que é o seu costume, pois é mentiroso e é o pai de todas as mentiras.” (Jo 8.44) O diabo gosta de mentiras e tem bolado mentiras bem fundamentadas e que parecem ser a verdade. Cuidado, ele engana a muitos! 
     Mas, por sua graça, Deus nos deixou a Palavra da verdade que revela e condena a mentira e o erro. Diante dela, nós também somos condenados por nossas mentiras e nossos pecados. 
    Porém, ela aponta a uma verdade que salva e perdoa. Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim.” (Jo 14.6) “Portanto, abandonem tudo o que é mau, toda mentira, fingimento, inveja e críticas injustas.” (1 Pedro 2:1) Amém.
 
Pr.Ismael Verdin
Porto Ferreira (SP)

terça-feira, 25 de março de 2014

Além da Calculadora!!!!


     Alguém pagaria R$ 2 milhões e 500 mil por um imóvel que vale 100 mil? O Brasil - na diferença que as cifras são bilhões - ao adquirir uma refinaria de petróleo nos Estados Unidos. Incompetência, distração, desonestidade? Não passa um dia sem alguma notícia de má gestão, prejuízos, fraudes e desvios na administração pública. O IPE, Instituto de Previdência do Estado, é outro caso de negócio mal feito que caminha para a falência com um milhão de assegurados. Mas a Copa do Mundo poderá ser o grandioso espetáculo de gastança do dinheiro público. Estima-se que o custo para o Brasil promover este evento da Fifa será em torno de R$ 33 bilhões (85% dos cofres públicos) quando o valor previsto era de uns R$ 3 bilhões. Não é por nada que as nossas contas rebaixaram a nota de crédito internacional, dificultando o investimento estrangeiro.

     "Se um de vocês quer construir uma torre, primeiro senta e calcula quanto vai custar, para ver se o dinheiro dá". Isto foi dito por Jesus como exemplo dos custos na gestão pessoal da fé cristã. "Se não fizer isso", segue a parábola, "ele consegue colocar os alicerces, mas não pode terminar a construção. Aí todos os que virem o que aconteceu vão caçoar dele..." (Lucas 14.28-30).  As leis de economia não mudaram, e hoje Jesus diria que um seguidor dele não pode imitar os administradores públicos que dão prejuízo e envergonham o Brasil lá fora. "Não pode ser meu seguidor quem não estiver pronto para morrer como eu vou morrer", explica o Senhor às multidões que se espremiam atrás de vantagens, sem colocar na balança o peso da cruz. Pedro fez uma minuciosa planilha de custos ao lembrar tais palavras de Jesus, e completou: "Sejam bons administradores dos diferentes dons que receberam de Deus. Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros" (1 Pedro 4.10). Parece que a velha lição, de colocar tudo na ponta do lápis, é um aprendizado que precisa bem mais que uma simples calculadora.

                                                                                                                                        
Marcos Schmidt
pastor luterano
marsch@terra.com.br

quarta-feira, 5 de março de 2014

"Muito Mais Que Cinzas"

      Após um incêndio, o que sobra são cinzas. Depois da erupção vulcânica, lá estão elas até onde o vento levar. Pó, resíduos, restos. Da cor do céu encoberto, melancólico, destoante do azul ensolarado.
     Para muita gente, a Quarta-Feira de Cinzas tem este aspecto abatido, triste, de ressaca, de um fogo que pouco ou nada deixou. Mas, este dia tem um significado distinto daquilo que pretende descolorir. É o início de um tempo especial. De reflexão, concentração, incubação. Algo complexo nestes dias agitados, conectados, corridos. 
     Quem ainda tem espaço para refletir? As tarefas, os compromissos, as metas, a televisão, a internet, os programas - tudo conspira contra o quê as cinzas tentam encobrir.

     "Em sinal de tristeza", registra a Bíblia, "vestiram roupas feitas de pano grosseiro e puseram cinzas na cabeça. Então se levantaram e começaram a confessar os pecados que eles e seus antepassados haviam cometido.
     Durante mais ou menos três horas, a Lei do Senhor, seu Deus, foi lida para eles. E nas três horas seguintes eles confessaram os seus pecados e adoraram a Deus" (Neemias 9.2,3).  
     Esse ritual bíblico do Antigo Testamento inspirou os cristãos no mesmo simbolismo, e no século cinco, os 40 dias antes da Páscoa foram marcados com a Quarta-feira de Cinzas. Tudo para sublinhar que a cinzenta paixão e morte do Senhor Jesus tinham uma razão: os nossos pecados. E depois com as cores vibrantes da ressurreição.
      Mas a tradição pode virar traição. Cinzas podem querer, inadvertidamente, colorir. Quarenta dias sem alegria? Sem carne? Melhor, então, uma despedida de solteiro, uma festa da carne! Foi o que também fizeram no tempo de Isaías, e por isto a desaprovação divina: "Eu odeio o incenso que vocês queimam, não suporta as festas religiosas" (1.13). 

     Cinzas, no entanto, são mais que cinzas quando há renovação. E com ela a confidência: "Ó Deus, o meu sacrifício é um espírito humilde; tu não rejeitarás um coração humilde e arrependido" (Salmo 51.17).

Marcos Schmidt
pastor luterano